segunda-feira, 29 de junho de 2015

Excitação

Como se agarrase grama e terra juntas, ele entrelaça os dedos em seus cachos
Meu corpo treme de excitação
Queimando lembranças, reiventando-se em perdição
Eu posso não ser o suficiente para você, querido
Mas você é o suficiente para mim
Então o que temos a perder?
Vamos continuar e continuar
 
 
 

domingo, 28 de junho de 2015

E eu permanecia sem soltar um gemido
Arranhando suas costas até fazê-lo sangrar
 
 

Uísque e cigarros

Ela exala essência de uísque e cigarros
Abandonando as sombras
Ela sente queimar cada vez que pensa nele
Ela sonha incansavelmente e eles não conseguem alcança-la
 
Ela repousa em seus braços
Ele é forte e doce ao mesmo tempo
Ela não mais tropeça em ingenuidade
Ela repousa em seus braços
Ele é forte e doce ao mesmo tempo
Ela já tem tudo o que quer
 
 
 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Doçura

Cantando para uma plateia sem rostos
Sem aplausos ou sorrisos
Eles condenam cada movimento meu
 
Apaixonada por carros velozes
Ela fede a gasolina
Com a sua doçura de ser
 
 
 

Obra de arte

Quando Van Gogh atirou no próprio peito
Ele só queria sentir algo
Sentir que era uma obra de arte
O fez por que estava vivo e são
Não fedia a morte como muitos
 
Mas eu rezo para Merisi
Que me excita
Tão perigoso e inalcançável
 
 
 


 

Labirinto

Delírios, ata-me indefesa
E me machuque
 
Me faça sangrar
Me faça sangrar
Me faça sangrar
 
 
 
 

sábado, 20 de junho de 2015

Nunca vou esquecer, em toda a minha vida, do dia em que escolhi a poesia
Demorei tanto tempo para aceitar
Mas finalmente quando o fiz encontrei a liberdade
Sem dor, sem culpa
Sem motivos para chorar
Pecando e sonhando
Para sempre
 
 


sexta-feira, 19 de junho de 2015

O vento chicoteia meu rosto
Eu não tenho mais medo
Agora vibro, esperançosa
Dias mais ensolarados virão
E eu, doce e aconchegante, descanço á espera deles
 
 

Trêmula

Eles se contorcem furiosos
Venha, não se acanhe
A carne presa nos dentes
Meu corpo trêmulo á sua espera
 
 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Mais forte

Mesmo que eu escute o mundo gritando obscenidades para mim
Isso não me afetará
 
 

Aprendendo a sobreviver

Eu estive fazendo tudo que estava ao meu alcançe para ultrapassar todos os obstáculos
Escolhendo meus mentores com sabedoria
Aprendendo a sobreviver
 
 

Volta por cima

Eu não suporto mais um minuto de dor
Apenas espero que eu não quebre com facilidade
Eu estou dando a volta por cima
Eu sei que vou conseguir
 
Tudo que disseram e fizeram comigo
Não exerce mais nenhum poder sobre mim
Mesmo que eu sinta tudo desmoronar novamente
Estarei mais forte por que agora eu estou dando a volta por cima
 
 

Sonhos

Desperto, meu querido, de sonhos bizarros
Não sei o que significam
Só sei que me assustam
 
Por que alguém iria querer me abraçar?
Seria muito mais fácil morrer na tempestade
 
Eu sinto vontade, meu querido, de gritar
Estou dirigindo por essas ruas
A procura de algo, não consigo encontrar
 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Sirius

Se esgueirando no jardim florido
Eles estremecem a menção de seu nome
 
De salto alto
Ela engatinha ao seu encontro
Hipnotizada pelo seu charme
 
Em um minuto tudo desmoronou
Assista-me enquanto tiro a roupa
Depois me leve para bem longe daqui
 
Eu já tive outros interesses
Inclinando-se para o grande beijo
Nessa boca perfeita
Hipnotizada pelo seu charme
 

Por tudo que passei
Eu penso o tempo todo

Não é o mesmo sem você
Diga-me: quem o inspirou a se tornar quem é?
O que fazer com essa dor que cresce dentro de mim?
Não pode ser verdade
 
O mundo é um lugar melhor com você nele
Eles o perseguem por que não o compreendem
A única coisa pior do que ficar
É te perder
Querido, eu estou aqui


 

Cura

 
Eu gostaria de voltar ao passado
Para consertar todos os erros que deixaram manchas sobre a minha pele
Pois tudo que eu queria era a perfeição
No entanto, pareço perseguir o desastre como se dependesse dele.
 
Eu quero sobreviver.
 
Deixe o tempo passar se assim ele desejar
Os dias arrastados a abandonarão
E você se surpreenderá com a velocidade
Por que eu estou contanto os minutos para fugir daqui
Deixe o tempo passar
Para assim que poder me curar.
 
 

Gota do Fracasso

 
 
 
 
 
Mostre o que fiz de errado agora
Me poupe de qualquer sofrimento
A minha vida inteira foi marcada por tragédias medíocres
E eu estou pronta para deixar isso tudo para trás
 
Caminhando pelas ruas desconhecidas
Antes tudo isso pertencia a mim
Agora me sinto despedaçar a cada passo que dou
E eu sei que não há ninguém para me salvar
 
Eu não posso sentir mais uma gota do fracasso
Ás vezes acho que vou desmaiar de tanto tédio
Eu estou desaparecendo
Arranque de mim gargalhadas
Vamos voar alto
A cidade desprovida de sonhos jamais será capaz de nos alcançar
 
Eu não me importo de – em um paraíso que esbanja imperfeição – me tornar uma insana
Eu consigo sentir o desespero percorrer minhas veias
E eu sei que fui feita para sobreviver.
 
 
 
 
 





Inocente Pecadora

 
 
Longe daqui
O pecado foi liberto
Ela só precisa de alguém que a guie
Ela só precisa de alguém que a guie
 
A língua áspera sobre a pele macia
A língua áspera sobre a pele macia
Ela não é mais inocente
A língua áspera sobre a pele macia
A língua áspera sobre a pele macia
Eu já fiz tudo que queria
 
Conte-se sobre suas fantasias
Eu pareço ser o tipo de pessoa que o julgaria?
Não se esconda atrás da dor, se contorcendo em delírio
Por que há muita beleza no mundo para nos importarmos com isso
 
Nós podemos nos divertir
Mesmo que as paredes estejam desmoronando ao nosso redor
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A Melancolia no livro "Em Chamas"



 

O livro "Em Chamas", da autora Raquel Rodrigues, é escrito em poesias, dividido em três partes: Parte I (Sonhos), Parte II (Spleen) e Parte III (O Despertar). Na primeira parte da obra, é possível ler poemas carregados de impressões sensoriais, como tato e audição. Um dos versos em que isso acontece é "Eu só quero ouvir a sua voz"(Inquietante). Através dessas impressões, a autora coloca seus sentimentos e suas ações no poema.
É importante salientar a presença de figuras de linguagem nesses poemas. Uma dessas figuras é a antítese (exposição de ideias opostas). Isso ocorre no poema "Inquietante", no verso "Pisando em cacos de vidro sem se machucar", ou seja, há uma contradição em "pisar em vidro" e não se machucar.
Em vários poemas, a autora retrata a efemeridade da vida, ou seja, mostra que a morte é iminente, como em "Eu só quero que saiba/ Que não vou durar muito" (Inquietante) e "É melhor andar rápido por que a morte esta esperando...(Veneno). Nesses versos, a escritora mostra que a vida passa rápido, por isso é fundamental que se aproveite a vida, que as ações ocorram, pois tudo vai terminar.
Os versos do livro "Em Chamas" têm um tom pessimista e melancólico. Seus poemas são carregados de dor, de tristeza, de abandono. Isso pode ser observado na escolha de vocabulário da autora, como em "Veneno":
"Eu preciso de uma dose para amenizar a dor
Dor que eu mesma deixei acumular dentro de minha própria enfermidade
Eu preciso de algo para amenizar a dor."
Esse negativismo de seus versos tem uma semelhança com os poemas da Segunda Geração do Romantismo no Brasil, devido ao sofrimento existencial. Em "Abandonada", há uma "atmosfera de mágoa e rancor":
"Há um coração dilacerado no meio da estrada
Eles nem notaram a sua ausência
E tem sido o berço de inúmeros rancores
E como ela tenta se livrar deles."
Na segunda parte da obra, Spleen, a autora continua retratando a melancolia e a dor. A palavra "Spleen" é um termo em inglês muito utilizado na literatura romântica , que significa o tédio, a insatisfação com a realidade, o desencanto com a vida. Além disso, começa a se questionar, começa a observar os sentimentos dentro dela. Em "Me avise quando a aula acabar", a autora diz:
"Como pode existir tanta dor dentro de mim?
Deve haver algo muito errado comigo."
Também retrata as suas lembranças, aquilo que está em seu íntimo e que influencia nos seus sentimentos e sensações, como ocorre em "Delírio":
"Eu me lembro de que fazia frio
E os corredores ficavam menores."
A efemeridade da vida e a presença constante da morte continuam nessa parte da obra, mostrando que a vida passa e que é uma alternativa para se livrar da angústia, da dor e do desconforto. Essa passagem do tempo acontece, por exemplo, em "Querido Diário": "Preciso morrer para não beber da mesma dor/ nem abusar dos mesmos vícios".
Na terceira parte, O Despertar, a autora mostra em seus versos a dor como libertação. Através da dor é possível ter esperança de dias melhores. Isso acontece em vários poemas, entre eles "Aberta":
"Podemos usar a dor para nos libertamos
Não tenho ódio,
Estou cheia de esperança
Depois de todo o sofrimento
Levando-me a decadência
Talvez algum dia eu agradeça."
Enfim, o livro "Em Chamas" tem versos com "carregados" de pessimismo, insatisfação, melancolia. A fuga da realidade é mostrada através do escapismo, da morte, do tratamento da vida como uma grande ilusão.
 
 

 
Jennifer Alles Sinhorelli
Professora de Língua Portuguesa, Redação e Literatura